CURA.
O processo de cura machuca muito. Se reconhecer falho e ferido, dói. Se cuidar e iniciar um processo de aprendizagem sobre se respeitar e se aceitar de verdade — depois de tanto tempo fazendo totalmente o oposto — dói.
Há algum tempo percebi que não sou uma pessoa realmente segura de si. Me considero uma pessoa bonita; mas nunca o suficiente para alguém me amar, se importar e me respeitar de verdade. Me percebo em diversas ocasiões uma pessoa comunicativa; mas nunca o suficiente para cativar meus amigos ou pessoas novas que entram na minha vida. Acredito ser uma pessoa muito talentosa e criativa; mas nunca o suficiente para realmente alcançar algum objetivo. Não importa o quanto tente, nunca estou satisfeito de verdade com meu esforço, personalidade e aparência; me comparo frequentemente com pessoas e padrões que nunca vou me encaixar e estou sempre tentando compensar um vazio que acredito existir em mim me esforçando mais, tentando ser mais, mas sempre sem sucesso.
A insegurança sempre esteve instaurada dentro de quem sou e, durante muito tempo, por falta de uma visão real do problema, em diversos momentos culpei, duvidei, questionei e até mesmo machuquei pessoas — sendo mais específico, as mesmas que eu digo amar e ter tanta importância na minha vida — por coisas que nunca estiveram realmente ao alcance delas.
Reconheço, me arrependo e odeio, principalmente, ficar me desculpando e pedindo paciência incessantemente para todas as pessoas ao meu redor por erros que cometi. Sei o quanto escutar esses mesmos pedidos é exaustivo e, com certeza, faz parecer que não estou arrependido de verdade; nem me esforçando para sair do lugar. Mas estou. Estou mudando e desde já me conformo com a ideia que muitas pessoas vão partir nesse processo por simplesmente não se encaixarem mais na nova versão de quem eu, com muito esforço, serei.
E, na mesma proporção, reconheço, valorizo e agradeço. Finalmente estou crescendo e me sinto muito feliz por todos que, independentemente de qualquer coisa, me abraçam, me dão amor, me respeitam, acreditam na minha vontade de amadurecer e escolheram ficar.
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